Mercado de ações e seu funcionamento…

Tenho percebido que, com certa frequência, a primeira pergunta que me fazem quando falo que trabalho com investimentos é: Como funciona o mercado de ações? Muitos até mesmo investem sem ao menos saber muito bem o que significa “comprar uma ação da Vale”. Compram ações da mesma forma que apostadores colocam uma ficha em máquinas caça-níqueis. Outros até entendem um pouco mais, porém, investem apenas baseando-se em boatos e “dicas” que ouvem em um jantar com amigos.

Então vamos primeiramente entender de forma bastante simples o que é uma ação.

Você já quis se tornar sócio de um grande empresário como o Eike Batista? Já quis ser um dos “donos” de empresas como a Petrobras? Isto pode ser alcançado muito mais facilmente do que imagina, basta comprar uma ação da OGX (empresa do Eike) ou uma ação da Petrobras e já terá seu desejo realizado. Pois é, uma ação é um título que representa a mínima parcela do capital social de uma empresa. Quando o dono (ou os donos) de uma empresa resolve abrir seu capital na Bolsa, ou seja, colocar ações no mercado, ele está apenas colocando um percentual desta companhia à disposição para quem quiser comprar.

Vamos raciocinar de forma mais prática. Imaginemos que um grande empresário gostaria de vender 30% de sua empresa para um sócio, pois acredita que com um parceiro nos negócios ele poderia crescer mais rapidamente. Então ele divide esses 30% da companhia em vários papéis (ações), vai até a bolsa de valores e coloca esses papéis à disposição de quem quiser comprar (claro que não é tão fácil). Então os investidores vão decidir se acham interessante comprar ou não aquelas ações. Quanto mais investidores se interessar mais caro ele vai conseguir vender. Daí em diante estas ações ficam no mercado sendo negociadas todos os dias.

Quando você compra uma ação ela passará a valer mais dependendo de quantas pessoas querem comprá-la. Se, de repente, todos acham que está ação ficou atrativa, porque a empresa vai lucrar mais ou encontrou petróleo, você conseguirá vendê-la por um preço cada vez mais alto. Porém, se todos acharem que aquela empresa virou o “patinho-feio” do mercado, pode ter certeza que o preço deve refletir esta opinião, e as ofertas de compra serão a preços cada vez menores.

Diariamente serão realizadas ofertas de compras destes papéis, vindas de investidores interessados em adquirir uma participação nesta empresa. Você deve vender suas ações apenas quando perceber que estão comprando ao preço que você acha que elas valem, ou seja, quando achar que a empresa não vale muito mais do que aquilo que estão ofertando. Neste momento é hora de vender. No próximo texto falaremos mais sobre a decisão de compra e venda.

Assim como são realizadas ofertas de compra, também há ofertas de investidores tentando vender suas ações. Quando as ofertas de venda de uma ação em sua opinião não reflete o valor da empresa, ou seja, você acha que o valor de mercado da companhia está “abaixo” do que deveria, você pode comprá-la. Todo este processo ocorre na Bolsa de Valores (Bovespa) em questão de segundos. Várias ofertas de compra e venda. Quando a oferta de compra for igual à de venda então o comprador adquire as ações e o vendedor recebe o dinheiro.

Antes isto era feito pessoalmente nos famosos pregões:

Agora é tudo online:

E você pode comprar e vender dentro de sua casa, através de um sistema online que a corretora disponibiliza, denominado “Home Broker”. Basta buscar uma corretora e fazer um cadastro e terá todas as condições necessárias para realizar seus investimentos.

Agora vem as próximas perguntas: quando uma empresa pode ser considerada “barata” ou “cara”?; como decido se vou comprar ou vender?; vale a pena investir em ações? Mas aí vão algumas perguntas que poderão indicar o que você deve considerar quando estiver pensando em investir na Bolsa de Valores. Você entraria em uma sociedade com aquele seu cunhado que vive se envolvendo em fraudes? Ou faria parte de uma sociedade com aquele vizinho cuja empresa não cresce faz mais de 10 anos? Estas mesmas questões devem ser levantadas quando estiver pensando em qual empresa investir no mercado de ações.

Tudo isso será o tema do próximo texto… Vou lhes falar um pouco sobre minha experiência e opinião sincera sobre este mercado. Fiquem à vontade para postar dúvidas e levantar temas para debates.

Vamos provar do mel para que eles fiquem com o fel

Em meio ao obstinado plano do governo federal em reduzir as taxas de juros no intuito de alavancar a economia, muitas instituições financeiras, concessionárias, grandes lojas, comércio, etc, ainda não aderiram, ou melhor dizendo, aderiram mas naquele jeitinho brasileiro. Ocorre que algumas destas instituições estão anunciando taxas atrativas, porém, no cálculo aos clientes inserem um juros maior do que o anunciado. Isto torna-se possível, pois muitos de nós estamos preocupados com o valor da parcela, ou seja, o valor que cabe em nosso bolso, e esquecemos de verificar o montante ao fim do contrato.

Um final de semana após a redução nas taxas de juros meu amigo dirigiu-se a uma destas grandes concessionárias espalhadas em São Paulo a procura de seu tão sonhado automóvel. Havia visto nos comerciais as condições de pagamento, gostou do que viu na TV e foi conferir in loco. Chegou na loja e realmente coincidia o anúncio da TV com o que estava estampado nos automóveis, e então sentou-se com o simpática vendedora para negociar.

Para obter o veículo desejado ele teria que financiar R$ 26000,00, sua intenção era financiar em 36 parcelas, devido a pequena taxa de juros, que ficariam em torno de R$ 880,00 já incluso todos os impostos e taxas, mas para sua surpresa os valores foram outros, e nos cálculos da simpática vendedora as prestações ficariam em exatos R$ 950,00, como meu amigo tem o mínimo de conhecimento em finanças e com um perfil financeiro invejável, soube argumentar que as taxas cobradas estavam além do que foi anunciado e conseguiu depois de muita insistência, em três diferentes lojas, adquirir seu novo veículo. Por conta de sua persistência e de sua consciência não perdeu R$ 2.520,00 ao longo destes 36 meses.

Os valores são significativos, porém pouco importa, pois o que eu gostaria de salientar é que não devemos ser omissos no que acontece ao nosso redor, em nosso bairro, nossa cidade, nosso país. Devemos estar vigilantes a todo momento para não sermos vítimas deste sistema corrupto que nos assola. Em entrevista a Folha de São Paulo o diretor executivo do Procon disse: “É obrigação das instituições financeiras informarem de forma clara e didática tudo sobre o produto que está sendo adquirido, incluindo dados sobre possíveis riscos e perdas”. Este tipo de informação transmitida pelo Procon é de extrema importância, pois somos nós que ditamos o ritmo da economia e é nosso dever fazer valer nossos direitos para um bem maior.

Esta medida do governo tem como objetivo reduzir os juros abusivos e alavancar a economia, e como um parto forceps deixar uma “quirela” do ônus aos banqueiros, mas como insisto em dizer depende exclusivamente dos nossos atos. O que sempre nos torna reféns é a falta de conhecimento. Temos o péssimo hábito de deixar de lado o aprendizado de assuntos que não faz parte do nosso cotidiano, por isso, muitas vezes acabamos sendo prejudicados, sem ao menos notarmos.

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Estamos em ano de eleição mais uma vez, e é nosso dever procurarmos conhecer um pouco mais sobre nossos candidatos, se eles têm ou não a ficha limpa, quais são suas propostas, e da onde estão angariando verba para sua campanha. Creio que como um trabalho de formiguinha faremos a diferença no futuro, que seja daqui 20 anos, mas tornaremos limpo o que é sujo.

“A Preguiça e seus Prejuízos”: O segundo passo é vencer a preguiça…

Um dos grandes vilões quando o assunto é planejamento financeiro pessoal é a famosa preguiça. Desta forma, antes de entrar mais a fundo no assunto que seria o tema deste texto (opções de investimentos) seria de grande importância fazermos uma breve reflexão sobre esta grande vilã, que vem roubando os ganhos de muitos investidores.

É perceptível que a grande maioria acredita que as aplicações não diferem muito umas das outras e acabam deixando seu dinheiro naquela opção sugerida pelo seu gerente do banco, ou até mesmo na poupança, principalmente pela maior comodidade. Afinal, a diferença entre uma aplicação que rende 0,60% ao mês e outra com rentabilidade de 0,55% ao mês parece tão pequena que não vale o tempo perdido para abrir conta em outro banco ou em uma corretora.

Então vamos ver no quadro a seguir se realmente valeria a pena fazer esse esforço para ter uma rentabilidade um pouco melhor. Esta é uma simulação considerando investimento de R$ 500,00 ao mês em duas aplicações, uma rendendo 0,60% ao mês e outra 0,55% ao mês:

De acordo com o experimento acima, quem decidiu buscar um rendimento de 0,60% ao mês, e se propôs a abrir uma nova conta, alcançou saldo de R$ 161 mil, aproximadamente, enquanto aqueles que preferiram optar pelo comodismo acabaram atingindo R$ 153 mil. Esta decisão seria o mesmo que jogar R$ 8.000 (oito mil reais) na lata do lixo daqui a 15 anos. Se considerarmos uma inflação de 4% ao ano neste período (hipoteticamente), seria o mesmo que dispensar R$ 4.000 (quatro mil reais) hoje. Ou seja, a preguiça acabou de lhe roubar uma viagem à Europa.

As perdas podem piorar para aqueles que nunca param para verificar os seus gastos mensais e se esquecem de cortar pequenas despesas que parecem tão inofensivas, mas poderiam lhe render ganhos significantes caso fossem somadas às suas aplicações.

Por exemplo, você sabia que investindo R$ 30,00 ao mês a uma rentabilidade de apenas 0,50% ao mês teria um saldo adicional de, aproximadamente, R$ 8.700,00 em sua aplicação após 15 anos? Considerando a mesma inflação de 4% ao ano, este valor equivale a R$ 4.500,00 nos dias de hoje.

Diante de tais observações convido todos a deixar o comodismo de lado, passando a dar a devida importância a algo que no Brasil, culturalmente, sempre é deixado em segundo plano: “seu planejamento financeiro”. Enquanto em países maduros pessoas de classe média buscam até mesmo um profissional para auxiliar no planejamento de sua vida financeira, por aqui ainda estamos pensando apenas no presente. Por isso vemos com frequência pessoas idosas de classe média tendo que trabalhar para complementar sua renda. Enquanto os mais precavidos, conseguem atingir uma vida relativamente tranquila, antes mesmo de chegar à velhice.

OBS: Não se torne um “pão duro”, apenas valorize sua renda e planeje o seu futuro.

Inversamente proporcional – juros cai e dívida sobe!!

O governo anunciou recentemente redução nas taxas de juros para empréstimo pessoal, cartão de crédito, e cheque especial nos bancos federais, seguidos a duras penas pelos bancos privados. Esta ação do governo é de extrema importância para o nosso país, dado que nossa taxa de juros é uma das maiores do mundo. Porém, isto tem me assustado um pouco, pois segundo dados destas instituições, a utilização destes serviços tiveram aumento próximo a 70%.

Sabemos que os benefícios do fácil acesso ao crédito a juros convidativo são inúmeros, tanto na micro quanto na macroeconomia, no entanto, considerando uma população como a nossa, a qual apresenta uma deficiência centenária em educação financeira, este movimento poderá acarretar em um aumento estratosférico nas dívidas das famílias, principalmente daquelas que não possuem uma disciplina minimamente adequada ao administrar seu capital.

Este é o motivo da preocupação, pois muitas pessoas, atoladas em dívidas, estão correndo para os bancos sem saber o tamanho destas dívidas, sem planejar o quanto podem pagar por mês, e o pior, aumentando seu déficit na compra de novos produtos. O mais triste disto tudo é que as pessoas não são irracionais, pois sabem que estão fazendo um mal para si mesmas mas não sabem como agir e nem onde buscar apoio e acabam “se enforcando” com as dívidas.

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Uma família desestruturada financeiramente tende a ficar a mercê da submissão, pois muitas vezes ficam impossibilitadas até mesmo de adquirir bens necessários. Ficam presas às imposições dos bancos e da lei, como: bloqueio de cartões, nome “sujo” e etc… Além disso, as propagandas geram frustrações em pais e filhos, que acabam sentindo-se distantes de adquirir determinados produtos, cuja utilidade nem sempre justifica tal sentimento, e acabam apelando para novas dívidas, agravando ainda mais a situação. Diante de tantos problemas, casais se separam e famílias são desfeitas, simplesmente pela falta de uma administração financeira adequada. Enfim, tais questões acabam sendo o estopim para violência, corrupção, prostituição, roubo, e muito mais.

A mensagem que fica é que, se mantivermos disciplina em nossas finanças, teremos liberdade para fazer o que quisermos e o que planejarmos (veja texto da semana passada), porém, é “claro”, somente até aonde nossas mãos possam alcançar.